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Internacional

A ameaça nuclear

Por Ricardo Rabelo

“Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba “ é o subtítulo
do filme Dr. Strangelove( no Brasil Dr. Fantástico), lançado em 1964 com
Peter Sellers no papel principal. Ele mostra o cenário de terror provocado pela
iniciativa de um general norte americano anticomunista de resolver bombardear
a União Soviética com uma bomba nuclear por um temor psicopata de estar os
EUA sendo atacado pelos comunistas. O filme usa do humor sarcástico para
criticar a loucura dos que julgam que a guerra nuclear é uma opção aceitável.
Hoje, a humanidade enfrenta novamente esta possibilidade aterrorizante
de uma guerra nuclear, provocada pela iniciativa bélica do imperialismo
mundial de confronto com a Rússia na Ucrania. Não há como parar de se
preocupar pois a bomba não é “amável”. Para o imperialismo a combinação de
esforço militar e sanções internacionais levaria a Rússia à destruição e derrota.
Aconteceu o contrário: a Ucrânia está devastada militar e
economicamente, sem forças armadas à altura para enfrentar o poderoso
exército russo. Ocorre que os líderes dos países imperialistas estão de acordo
de que o “Ocidente” não pode ser derrotado e humilhado pela Rússia. As
forças armadas de Putin chegaram próximo à segunda maior cidade da
Ucrânia e, se quiserem podem invadir Kiev e derrubar o cambaleante governo
de Zelenski, que já não possui mandato eletivo.
Diante dessa situação a Rússia comunicou pelos canais diplomáticos
que está disposta ao diálogo, que seria necessário para decidir como se daria a
rendição da Ucrânia. O imperialismo julgou que esta atitude significava uma
possível fragilidade russa. Algumas autoridades chegaram a comentar que as
“linhas vermelhas” estabelecidas pela Rússia podiam ser ultrapassadas porque
a Ucrânia já estava atacando o território russo e não houve retaliação russa à
altura.
Em 31 de Maio o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou a
Ucrânia a atacar alvos dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA, o que
faz o conflito mudar de qualidade. Autoridades do Governo alegam que a nova
política de Washington se refere apenas ao que chamam de “atos de
autodefesa” dos militares ucranianos, cujas forças estão recuando no terreno.
A decisão de Biden logo foi seguida por outros membros da Otan, incluindo
Reino Unido, França e Suécia, que deram sinal verde ao regime de Zelensky
para usar seus sistemas de armas para atacar a Rússia.
Fontes da inteligência norte-americana afirmaram que o Governo de
Kiev e seus aliados ocidentais acreditam que podem obter vantagem sobre a
Rússia. Seria possível, portanto, que a Ucrânia treinasse suas tropas em
países vizinhos da Otan e recebesse armas de centros da organização, sem

torná-los alvos legítimos da Rússia. No entanto, pode ser que tudo isso seja
apenas uma ilusão que vai logo desaparecer quando tivermos os mísseis da
Otan lançados em direção ao território da Rússia com a aprovação dos países
ocidentais.
A França agora está dando à Ucrânia permissão para usar o míssil de
cruzeiro SCALP contra alvos dentro da Rússia. O presidente francês,
Emmanuel Macron, afirma que são apenas alvos militares, sem que nenhuma
infraestrutura civil seja atacada, mas isso é uma grande e mentirosa desculpa.
O fato é que, para os russos, se o míssil francês Scalp é usado para atacar
alvos dentro da Rússia é a França que está atacando a Rússia.
Todos sabem que os ucranianos não têm capacidade para programar
mísseis SCALP de longo alcance armados com ogivas convencionais. Há toda
uma sofisticação tecnológica que exige meses de treinamento. Dessa forma,
apenas os técnicos franceses poderão desempenhar esta tarefa. Além disso,
os mísseis tem de ser alimentados por dados precisos para sua orientação.
Eles só podem ser obtidos através da rede de satélites francesa Syracuse,
que transmite as informações essenciais para os alvos dos mísseis SCALP.
Dessa forma, é toda uma operação de reconhecimento espacial que
coleta informações e as transmitem aos operadores franceses, através de
sistemas de comunicação franceses. Então quem está no ataque é a França,
não a Ucrânia.
Moscou sabe muito bem quem opera os mísseis de longo alcance da
Otan e quem fornece reconhecimento e comunicações. O presidente Vladimir
Putin sabe que tudo é comandado por técnicos estrangeiros, não ucranianos.
Além dos franceses, há os alemães, os britânicos e os norte americanos.
Assim, se esses mísseis, esses sistemas de armas que agora estão sendo
aprovados pelas respectivas nações ocidentais, forem usados pela Ucrânia
para atacar alvos dentro da Rússia, não é mais para a Ucrânia se defender,
mas é a Otan que está atacando a Rússia.
Tentando esconder o óbvio Otan explicou que, ao autorizar a Ucrânia a
usar suas armas contra a Rússia, os países europeus estão fazendo isso como
nações soberanas, não como um bloco militar. No entanto, essas ações da
Otan evidentemente significam um convite à Rússia para realizar ataques
retaliatórios. Então a Otan poderia justificar uma resposta lançando ataques
adicionais contra a Rússia e isso seria um ataque total da Otan à Federação
Russa.”
Diante desse cenário, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev deixou
claro que a resposta russa seria nuclear e isso levaria a uma nova retaliação da
OTAN também nuclear e poderíamos a chegar à situação do filme Dr.
Fantástico em que se colocaria a destruição em escala universal. .

Segundo Medvedev, o plano da Otan não visa ajudar a Ucrânia: “É um
plano mais amplo do Ocidente coletivo, da Otan e dos Estados Unidos. Um
plano para derrotar estrategicamente a Rússia.”
A determinação coletiva do imperialismo é continuar pressionando a
Rússia, aumentando a pressão até que possivelmente a Rússia caia como um
castelo de cartas. Por acreditarem que as linhas vermelhas colocadas pelo
Kremlin não existem, os EUA e a Otan evitam tomar a iniciativa de negociar
para encerrar esse conflito. A questão é a mesma que se coloca para o o Major
T.J. “King” Kong no filme citado, depois de lançar a bomba sobre a URSS.
Nunca se sabe o que virá no “Day After” (dia seguinte).
Se o imperialismo atacar a Rússia, tentando pressioná-la, tudo o que
fará é garantir uma resposta russa legítima aos países atacantes.
Aparentemente, os líderes das principais potências acham que têm o direito de
atacar a Rússia.
Tudo indica que aqueles que tomam essas decisões vitais para os oito
bilhões de habitantes do planeta contemplam a possibilidade de uma guerra
com armas nucleares, mas limitadas (armas táticas, eles as chamam).
Segundo alguns especialistas, isso é um absurdo total, uma impossibilidade.
Não há guerras nucleares “limitadas”.
Se uma guerra atômica é travada com apenas uma pequena
porcentagem da capacidade destrutiva atual (cerca de 12.000 mísseis, 90%
deles distribuídos entre a Rússia e os Estados Unidos), a destruição de todas
as formas de vida está assegurada. Se não fosse a morte instantânea no
momento de receber os impactos, certamente que a chuva ácida causada
pelas nuvens radioativas subsequentes, e o inverno nuclear prolongado (noite
permanente por pelo menos uma década) que se seguiria, acabaria com toda a
vida no planeta devido à falta de luz solar. Portanto, o uso de tais armas entre
as superpotências é algo que, como diz a abreviação da fórmula da estratégia
militar correspondente: “Destruição Mútua Assegurada” . Em Inglês : Mutual
Assured Destruction – MAD, que quer dizer “louco” também em inglês.
De 31 de janeiro a maio deste ano, ocorreram os maiores exercícios
militares da OTAN desde a Guerra Fria perto da fronteira com a Rússia.
“Steadfast Defender 2024” simula um cenário de confronto armado com
Moscou. Envolvendo 90.000 soldados de países membros da Otan, mais de 50
navios – de porta-aviões a contratorpedeiros – e mais de 80 aeronaves de
combate, incluindo helicópteros e drones. O comandante das forças aliadas da
OTAN na Europa e chefe do Comando Europeu dos EUA, general do Exército
Christopher Cavoli, disse que “o Steadfast Defender ensaiaria uma resposta a
um possível ataque russo”.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) denunciou que a OTAN estava
na verdade treinando ataques com armas nucleares perto das fronteiras da
Rússia.
O chefe do serviço de fronteira do FSB, general Vladimir Kulishov
afirmou à Agência russa Sputnik, que a OTAN havia aumentado a intensidade
de suas atividades de treinamento, nas quais exercita ataques contra a Rússia,
incluindo bombardeios nucleares contra o território russo. O oficial militar sênior
enfatizou que, diante da ameaça nuclear da OTAN, “são necessárias medidas
apropriadas para proteger e defender as fronteiras da Rússia”.
A destruição da Federação Russa é um desejo há muito ansiado pela
classe dominante do país norte americano. Diante da possibilidade de envio de
tropas da Otan para a Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, disse com
uma clareza retumbante: “nós reagiremos com todo nosso potencial atômico”.
“Tudo isso realmente ameaça o conflito com o uso de armas nucleares e a
destruição da civilização. Eles não entendem?”, disse Putin.

No dia 23 de maio, vários drones de fabricação portuguesa atingiram uma estação
de radar estratégica russa em Armavir, no sul da Rússia. Não está claro quantos
drones foram usados ​​no ataque e quantos foram abatidos. Parece que pelo menos
um ou dois drones foram atingidos e outro colidiu com um edifício anexo que
abriga os militares que operam o radar e as comunicações de defesa aérea
russas.Inicialmente, fontes ucranianas afirmaram que os drones lançados contra o
radar eram do tipo HUR, ou seja, de fabricação ucraniana. Era falso. Os russos
recuperaram os drones parcialmente destruídos. E um deles é um Tekever AR3
de fabricação portuguesa. No ano passado, Portugal anunciou que iria fornecer os
drones à Ucrânia, depois de o Reino Unido ter pago o preço.

A utilização de armas da OTAN para este tipo de ataque representa uma escalada
significativa da guerra que poderá desencadear uma retaliação russa contra os
países atacantes. Até agora, a Rússia não disse nada, mas poderia atacar
instalações da OTAN ou mesmo começar a usar armas nucleares táticas. Pôde
acontecer a qualquer momento, o perigo é real. imperialismo engendra em todo
lugar a morte e a destruição. Brinca com fogo, julgando que controla a situação o
que há muito tempo não é verdade. Com sua atuação sem limites é capaz de
praticar os mais infames crimes contra a humanidade, como agora em Gaza. Se
nós não colocarmos um basta nesta situação podemos todos estar diante do
Apocalipse.

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